sábado, 21 de setembro de 2013

A "MENTE"

 "Chomsky foi provavelmente o primeiro a fornecer argumentos detalhados  da natureza da linguagem para a natureza da mente, e não vice-versa (Smith & Wilson, 1979:9)"

Vale realizar uma exposição analítica sobre a utilização do termo "mente" nos vários âmbitos dos estudos sobre a linguagem.
Mente é uma palavra do dia-a-dia. Ao mesmo tempo, trata-se de uma palavra que tem sido empregada há muito tempo com referência ao objeto de um determinado ramo da filosofia, por um lado, e da psicologia, por outro. O seu sentido na linguagem do dia-a-dia é mais restrito - caracterizando-se como lógica, razão, e alguns outros termos - do que o sentido técnico e conceitualizado que tem na filosofia da mente.
A experiência da mente e sua relação com o corpo que habita (ou está associado de alguma forma) constitui um problema filosófico permanente e controvertido.
Tentativas de reformular o chamado problema mente/cérebro, podemos destacar os seguintes: o dualismo, o materialismo, o idealismo e o monismo.
Para a corrente dualista, a mente não apenas existe, mas também difere-se da matéria por ser não-físico;
O materialismo sustenta que nada existe que não seja a matéria; que aquilo que comumente são considerados fenômenos mentais são explicáveis. Uma versão do materialismo é o behaviorismo, segundo o qual não existe uma entidade como a mente e os termos mentalistas (mente, pensamento, emoção, por exemplo) devem ser explicados com referência a determinados tipos de comportamento.
O idealismo nega a existência da matéria e sustenta que tudo que existe é mental.
O monismo proclama que a realidade é uma, ou seja, nem o físico nem o mental é a realidade última: ambos são aspectos diferentes de algo mais neutro e fundamental.
Chomsky reivindica o fato de que a linguagem fornece dados em favor do mentalismo, isto é, em favor de uma crença na existência da mente. Ele afirma que a aquisição e uso da linguagem não podem ser explicados sem recorrer a princípios que geralmente encontram-se além do escopo de qualquer relato puramente fisiológico dos genes humanos. Chomsky não está comprometido com o fato de que a mente é uma entidade não-física distinta do cérebro ou de qualquer parte do corpo. Isso explica o fato de que, em suas argumentações gerativistas, utiliza-se o termo "mind/brain" (mente/cérebro).



Referências: LYONS, J. Introduction to Theoretical Linguistics, Cambridge University Press, 1968.

                    CHOMSKY, Noam. Aspectos da Teoria da Sintaxe. Coimbra: Arménio Amado, 1978.


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