O termo gerativismo é usado para refletir à teoria da linguagem que foi desenvolvida, nos últimos vinte anos aproximadamente, por Noam Chomsky e seus seguidores.
Numa perspectiva gerativista, a língua
envolve um sistema simbólico, recursivo e que possui unidades que podem ser
combinadas infinitamente de forma sequenciada.
São essas características que diferem
nossa linguagem da comunicação animal. Apesar de se comunicarem entre si,
animais não conseguem desenvolver um sistema recursivo e hierarquicamente
estruturado, nem desenvolver um sistema combinatório de sentenças.
A razão dessa limitação no reino
animal, de não conseguir adquirir uma língua, não se deve a deficiências
meramente mecânicas, mas ao fato dos animais em geral não possuírem uma competência
mental para adquirir linguagem.
O ser humano é o único animal á
possuir um dispositivo de linguagem, a
competência, no cérebro/mente, possibilitando
a aquisição da linguagem, logo, é possível concluir: A linguagem é mental e
estritamente humana.
O pensamento gerativista considera a
competência linguística uma característica inata do ser humano, isto é, a
criança já nasce com um determinado conhecimento que possibilita a aquisição da
linguagem. Este conhecimento é chamado pelo teórico Noam Chomsky de Gramática Universal.
A Gramática Universal segue um modelo
de princípios e parâmetros, aonde a primeira consiste de princípios rígidos e
invariáveis, enquanto a outra (parâmetros) consiste de princípios abertos e que
oferecem duas possibilidades de valores a serem fixadas, que são observadas ao
longo da aquisição da linguagem com base na informação obtida pelo ambiente
onde a criança está inserida. Segundo Chomsky, o estudo empírico da linguagem
tem mais contribuições a fazer para a filosofia da mente do que a lógica
tradicional e a filosofia da linguagem para a linguística. Isso faz uma
diferença profunda na maneira pela qual a argumentação é conduzida, mesmo
quando o assunto em discussão é reconhecidamente tradicional: por exemplo, se a
faculdade da linguagem é ou não inata.
Chomsky baseia a sua argumentação em
favor do inatismo e da especificidade da espécie relativos à faculdade da
linguagem na universalidade de certas propriedades formais arbitrárias da
estrutura linguística. Certos aspectos incluem-se comumente sobre a chamada dependência de estrutura que, apesar de
se encontrar também em fonologia e morfologia, é mais obviamente característico
na sintaxe. Mesmo defendendo o conhecimento inato, é discutível qual é o tipo
de conhecimento que a criança possui em seu nascimento. Alguns pesquisadores
acreditam que a criança nasce com a habilidade de adquirir linguagem sem
nenhuma informação morfossintática, informação essa que ela fixará mediante ao
contato com a língua materna, por outro lado, há quem defenda que a criança
nasça com todas as informações morfossintáticas de todas as línguas naturais
possíveis e durante a aquisição da linguagem, se utilizando dos parâmetros,
descarte as regras não utilizadas por sua língua e fixe as utilizadas.
Usando uma metáfora, como suporte para
uma melhor explicação, pensemos nas regras sintáticas e morfológicas de todas
as línguas naturais como chaves de
uma caixa de disjuntores de lâmpadas, onde estando ligada, a regra está em uso,
e quando desligada, não está.
O grande debate cientifico, no momento,
é se a criança já nasce com todos os disjuntores ligados, desligando os não
utilizados pela sua lingua materna, ou se a criança nasce com todas as chaves dos disjuntores desligados,
ligando as utilizadas por sua língua natural.
Recentemente, pesquisadores do Projeto Genoma Humano, descobriram
aquele que seria o gene responsável pela capacidade linguística humana, o
FOX-P2. Ao analisar indivíduos com defeitos na unidade do DNA do FOX-P2, se
constatou que os mesmos possuíam distúrbios sintático-semânticos, isto é,
dificuldade em articular pronomes, elaborar orações subordinadas e conjugar
verbos.
Essa descoberta seria a constatação
cabal do postulado gerativista, exceto por um detalhe, chimpanzés compartilham entre
95 a 98% do DNA do gene, (GESCHWIND, Dan, 2009).
As pesquisas atuais revelam
que o FOX-P2 sofreu mutação durante o desenvolvimento do ser humano, propiciando
a capacidade para a linguagem.
No momento, as conclusões se inclinam para a mesma direção
das postuladas por Noam Chomsky, a língua sendo um órgão mental e estritamente
humano.