segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O Gerativismo chomskyano e a aquisição da linguagem

O termo gerativismo é usado para refletir à teoria da linguagem que foi desenvolvida, nos últimos vinte anos aproximadamente, por Noam Chomsky e seus seguidores.
Numa perspectiva gerativista, a língua envolve um sistema simbólico, recursivo e que possui unidades que podem ser combinadas infinitamente de forma sequenciada.
São essas características que diferem nossa linguagem da comunicação animal. Apesar de se comunicarem entre si, animais não conseguem desenvolver um sistema recursivo e hierarquicamente estruturado, nem desenvolver um sistema combinatório de sentenças.
A razão dessa limitação no reino animal, de não conseguir adquirir uma língua, não se deve a deficiências meramente mecânicas, mas ao fato dos animais em geral não possuírem uma competência mental para adquirir linguagem.
O ser humano é o único animal á possuir um dispositivo de linguagem, a competência, no cérebro/mente, possibilitando a aquisição da linguagem, logo, é possível concluir: A linguagem é mental e estritamente humana.
O pensamento gerativista considera a competência linguística uma característica inata do ser humano, isto é, a criança já nasce com um determinado conhecimento que possibilita a aquisição da linguagem. Este conhecimento é chamado pelo teórico Noam Chomsky de Gramática Universal.
A Gramática Universal segue um modelo de princípios e parâmetros, aonde a primeira consiste de princípios rígidos e invariáveis, enquanto a outra (parâmetros) consiste de princípios abertos e que oferecem duas possibilidades de valores a serem fixadas, que são observadas ao longo da aquisição da linguagem com base na informação obtida pelo ambiente onde a criança está inserida. Segundo Chomsky, o estudo empírico da linguagem tem mais contribuições a fazer para a filosofia da mente do que a lógica tradicional e a filosofia da linguagem para a linguística. Isso faz uma diferença profunda na maneira pela qual a argumentação é conduzida, mesmo quando o assunto em discussão é reconhecidamente tradicional: por exemplo, se a faculdade da linguagem é ou não inata.
Chomsky baseia a sua argumentação em favor do inatismo e da especificidade da espécie relativos à faculdade da linguagem na universalidade de certas propriedades formais arbitrárias da estrutura linguística. Certos aspectos incluem-se comumente sobre a chamada dependência de estrutura que, apesar de se encontrar também em fonologia e morfologia, é mais obviamente característico na sintaxe. Mesmo defendendo o conhecimento inato, é discutível qual é o tipo de conhecimento que a criança possui em seu nascimento. Alguns pesquisadores acreditam que a criança nasce com a habilidade de adquirir linguagem sem nenhuma informação morfossintática, informação essa que ela fixará mediante ao contato com a língua materna, por outro lado, há quem defenda que a criança nasça com todas as informações morfossintáticas de todas as línguas naturais possíveis e durante a aquisição da linguagem, se utilizando dos parâmetros, descarte as regras não utilizadas por sua língua e fixe as utilizadas.
Usando uma metáfora, como suporte para uma melhor explicação, pensemos nas regras sintáticas e morfológicas de todas as línguas naturais como chaves de uma caixa de disjuntores de lâmpadas, onde estando ligada, a regra está em uso, e quando desligada, não está.
O grande debate cientifico, no momento, é se a criança já nasce com todos os disjuntores ligados, desligando os não utilizados pela sua lingua materna, ou se a criança nasce com todas as chaves dos disjuntores desligados, ligando as utilizadas por sua língua natural.
Recentemente, pesquisadores do Projeto Genoma Humano, descobriram aquele que seria o gene responsável pela capacidade linguística humana, o FOX-P2. Ao analisar indivíduos com defeitos na unidade do DNA do FOX-P2, se constatou que os mesmos possuíam distúrbios sintático-semânticos, isto é, dificuldade em articular pronomes, elaborar orações subordinadas e conjugar verbos.
Essa descoberta seria a constatação cabal do postulado gerativista, exceto por um detalhe, chimpanzés compartilham entre 95 a 98% do DNA do gene, (GESCHWIND, Dan, 2009).
As pesquisas atuais revelam que o FOX-P2 sofreu mutação durante o desenvolvimento do ser humano, propiciando a capacidade para a linguagem. 
No momento, as conclusões se inclinam para a mesma direção das postuladas por Noam Chomsky, a língua sendo um órgão mental e estritamente humano.



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