quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Análise do Discurso e Pêcheux: Uma introdução

Sempre preocupou o homem o modo como foi produzido o sentido – resultado do uso da língua no interior da sociedade. Ao longo dos séculos, várias foram as disciplinas que tentaram dar conta da produção do sentido nos discursos. Com este problema, nos idos dos anos 60, várias disciplinas foram criadas, incluindo a AD. Linguistas, historiadores e até psicanalistas renderam-se a esse movimento intelectual que acenava para uma abordagem discursiva atrelada a ideologia.
Nascido em Tours em 1938 e falecido em Paris 1983, fundador da Escola Francesa de Análise do Discurso, Pêcheux entende a linguagem como materializada na ideologia. O discurso é entendido como um efeito de sentidos dentro da relação entre linguagem e ideologia. Através da análise do funcionamento discursivo, ele objetiva analisar as relações entre discurso/ideologia (a inscrição da língua na história), ou seja, explicitar os mecanismos da determinação histórica dos processos de significação. 
Ao longo dos anos, são realizados muitos estudos sobre a langue (oriunda de uma influência saussuriana), parole, variação, competência etc. A partir de então, são introduzidos estudos pragmáticos, enunciativos discursivos e textuais com o objetivo de analisar os diferentes usos linguísticos e seus aspectos teóricos. No Brasil, a partir da década de 70, os estudos que abordam a linguagem humana chegam com diversos âmbitos de análise, como a linguística textual, a semiótica greimasiana e os estudos da Análise do Discurso de orientação francesa.
A AD surgiu na França, em meados dos anos 60, trabalhando com a ideia de o discurso ser entendido como seu objeto próprio. Neste período, as pesquisas acerca da linguística estavam enviesadas por dois polos, o logicismo (ligado ao formalismo) e o sociologismo (ligado ao funcionalismo). Essas duas vertentes não davam conta de responder questões a respeito do sujeito em relação à sociedade, ambas denegavam o aspecto político da língua. O logicismo por interpretar a língua como algo puramente mental, onde possui autonomia em relação ao seu exterior, excluindo o sujeito, e o sociologismo por levar em conta o sujeito empírico (individual e coletivo), excluindo o aspecto sócio-histórico e ideológico.


Oposta ao estruturalismo saussuriano, a AD tenta abrir campo para outros conceitos de língua, além de trazer o sujeito para o centro do novo cenário, uma vez que havia sido excluído dos estudos da linguagem ao longo do percurso estruturalismo. Vale ressaltar que Pêcheux realiza uma reflexão crítica sobre o corte epistemológico saussuriano, no entanto, não menospreza os postulados saussurianos, nem tenta superá-lo, apenas faz uma mudança de enfoque, analisando a parole através da langue, ou seja, enxerga a langue apenas como ponto de partida, nunca como ponto de chegada, deslocando o objeto teórico da langue, para a “parole” (fala). Entretanto, fala para Pêcheux não se refere simplesmente ao ato individual do homem a reproduzir linguagem (exteriorização da langue), mas sim como objeto sócio-histórico, como manifestação de uma determinada ideologia, ou seja, a fala como Discurso.


 

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